Não se iluda, escrevi "mundanças" de propósito, não é uma mudança espiritual ou psicológica e sim mundana mesmo, vou reavaliar algumas coisas escritas no blog e voltar a postar daqui uns dias, prometo melhorar bastante.
Sei que não são muitas pessoas que me leem mas não posso deixar as poucas aqui presente que me deixem só...
Deixo vocês com uma poesia, já feita ou feita agora, quem sabe?
Os tambores silenciosos tocam
e de sua canção nada se ouve
mas houve um dia que eu mesmo soube
que em meus ouvidos som algum se chocam.
A orquestra de vozes entoam cantigas
que não ouço nem ouvirei um dia
e a nossa eterna doce melodia
não saberei em meio a intrigas.
-Bruno Agostta
Double Coffee
Duplo, como todos nós...
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
domingo, 24 de fevereiro de 2013
aleatoriedade abstrata
Perguntaram meu hobby
falei como de prache....
perguntaram para que ?
uma forma de eu esquecer...
mas por que esquecer ?
aquilo que me faz sofrer...
sofres muito por algo ?
muito nao digo, mas é o suficiente para me deixar mordido...
o sofrimento te doi muito ?
a maior dor... sabe quando aquele órgão pulsante racha ao meio...
se destraçalha como um vidro sendo quebrado ?
nao.. como uma vida sendo acabada...
os sonhos se destruindo e voce nao pode ver mais nada
o que aconteceu viraram memórias o que acontecerá será sem mais a amada...
vidas passadas... amores vividos... memorias guardadas... corações de vidro ...
deus sabe o que faz ?
espero que sim....
~ Sir Letters
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Câmbio desligo!
Tantas vidas indispostas
tantas iras todas postas
num ombro teu, amigo
assim, câmbio desligo!
Fugi do caos dessa vida
com uma parceira tão querida
que me levou junto contigo
assim, câmbio desligo!
Um mundo inteiro de proveta
posto à folhas de prancheta
mostrei pra ela o meu castigo
assim, câmbio desligo!
Agora estou muito cansado
num mundo todo acabado
c'um violão aqui comigo
assim, câmbio desligo!
~Bruno Agostta
Foste tu, águia traiçoeira...
Tanta vida tiveste tu outrora
tanto brilho no olhar fora extinto
pela escuridão de sua alma agora
tornara o sangue em puro vinho tinto.
Quando pela manhã te via sorridente
minh'alma ressurgia das cinzas
resultante do fogo estridente
das angustias de mim, ranzinza.
Agora o sol te foge pela boca
e a enegrecida noite surge
transpassando o peito com seus gumes.
A lua negra que aparenta louca
grita suas dores totalmente rouca
deixando o vosso coração impune.
~Bruno Agostta
tanto brilho no olhar fora extinto
pela escuridão de sua alma agora
tornara o sangue em puro vinho tinto.
Quando pela manhã te via sorridente
minh'alma ressurgia das cinzas
resultante do fogo estridente
das angustias de mim, ranzinza.
Agora o sol te foge pela boca
e a enegrecida noite surge
transpassando o peito com seus gumes.
A lua negra que aparenta louca
grita suas dores totalmente rouca
deixando o vosso coração impune.
~Bruno Agostta
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O Homem verde
A vasta mata aberta
acomoda os cumes em linha
os gnomos em suas cobertas
contam estrelas nas entrelinhas.
O poeta acompanha a vila
até o pai de toda a mata
ajoelhado ao verde Ramila
chora às sementes que cata.
"Perdoe por meus irmãos senhor,
perdoe, não sabem o que fazem,
juro a ti, cheio de amor
que reverterei o mal que fazem."
O homem verde orgulhoso
seu galho toca no ombro poeta
a luz dos olhos, sem indireta
brilham tanto em tom formoso.
"A ti concedo o meu apadrinho,
meu filho és, não chore mais,
voe alto, às nuvens, passarinho
cumpra seu dever, não olhe atrás".
~Bruno Agostta
acomoda os cumes em linha
os gnomos em suas cobertas
contam estrelas nas entrelinhas.
O poeta acompanha a vila
até o pai de toda a mata
ajoelhado ao verde Ramila
chora às sementes que cata.
"Perdoe por meus irmãos senhor,
perdoe, não sabem o que fazem,
juro a ti, cheio de amor
que reverterei o mal que fazem."
O homem verde orgulhoso
seu galho toca no ombro poeta
a luz dos olhos, sem indireta
brilham tanto em tom formoso.
"A ti concedo o meu apadrinho,
meu filho és, não chore mais,
voe alto, às nuvens, passarinho
cumpra seu dever, não olhe atrás".
~Bruno Agostta
Histórias
Todos nós somos donos da história,
o grande mocinho e o vilão,
mudamos o roteiro de hora em hora,
esmagando café com as mãos.
Ficamos acordados imaginando o fim
e esquecemos de ler com calma
cuidamos detalhes sem afins
e viramos a grande alma.
Cuide da história meu leitor
que a faz na verdade é o senhor,
um ler desatento e a vida desaba
das personagens debaixo da aba.
A sua vida é contada ao léu
não a desperdice com futilidades
agradeça ao grande e largo céu
esta tua oportunidade.
Viva intensamente,
ria alegremente,
e sorria abertamente.
~Bruno Agostta
o grande mocinho e o vilão,
mudamos o roteiro de hora em hora,
esmagando café com as mãos.
Ficamos acordados imaginando o fim
e esquecemos de ler com calma
cuidamos detalhes sem afins
e viramos a grande alma.
Cuide da história meu leitor
que a faz na verdade é o senhor,
um ler desatento e a vida desaba
das personagens debaixo da aba.
A sua vida é contada ao léu
não a desperdice com futilidades
agradeça ao grande e largo céu
esta tua oportunidade.
Viva intensamente,
ria alegremente,
e sorria abertamente.
~Bruno Agostta
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Quarteto
Asas brancas iluminadas
voam firmes sem fronteiras
guiam almas em manadas
cochichando sem asneiras.
"Sou o Amor, uno casais."
"Sou a Dor, venho depois."
"Sou o Perdão, sou forte demais."
"Sou a Morte, renasço-os depois."
-Bruno Agostta
voam firmes sem fronteiras
guiam almas em manadas
cochichando sem asneiras.
"Sou o Amor, uno casais."
"Sou a Dor, venho depois."
"Sou o Perdão, sou forte demais."
"Sou a Morte, renasço-os depois."
-Bruno Agostta
Pós Noite
A negra noite que envolve
a rubra lua de sangue
as estrelas então devolvem
as águas do velho mangue.
Os rios envoltos na penumbra
tristemente acalantam
os grilos que não mais cantam
me surge o dever que cumpra.
O dia a raiar cinzento
entristecido está sendo
calmo, simples e poeirento
já não mais dorme ao relento.
a rubra lua de sangue
as estrelas então devolvem
as águas do velho mangue.
Os rios envoltos na penumbra
tristemente acalantam
os grilos que não mais cantam
me surge o dever que cumpra.
O dia a raiar cinzento
entristecido está sendo
calmo, simples e poeirento
já não mais dorme ao relento.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
O que é ser jovem, por um jovem.
Ser jovem é envelhecer sem crescer, viver a vida, enfrentar problemas. Ser jovem é rir das desgraças dos outros mas depois ajudá-los a superar. Ser jovem é correr feito louco e disfarçar quando vir alguém. É rir alto nos transportes públicos e cantar desafinado na rua. Ser jovem é ter milhões de amigos e ter um tempo para cada um deles. É ter clubes diversos e estilos loucos. Ser jovem é criar a sua tribo, sorrir para o inimigo e ganhar a "batalha". Ser jovem é ir para festas e ter consciência de não sair de lá bêbado. É ter liberdade de expor suas ideias e respeitar as dos outros. Ser jovem é ler romances ouvindo Rock'n'roll e chorar a morte dos personagens. É andar na rua ao ritmo de Reggae e sambar na calçada. Ser jovem é ter romances em cemitérios e sorrir ao ver que É jovem. É morrer de medo do escuro e não admitir. Ser jovem é criar sua própria religião sem medo de preconceitos. É fazer "pacotão" em aniversários, criar apelidos e nomes. Por fim, ser jovem é ser diferente, louco e estranho, viver a vida a cada segundo por que nós jovens somos a própria personificação dela! Somos jovens e alguns, como eu, pretendem ser até que a morte nos separe da eterna juventude.
~Bruno Agostta
~Bruno Agostta
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Agora eu tomo café de um jeito diferente..
Voltando de viagem, olhando pela janela do ônibus, ouvindo
uma estação de rádio que sempre tocava todas as musicas duas vezes, eu me
perguntava: “porque sempre toca duas vezes?” além dessa pergunta sem resposta,
eu me perguntava o porquê de eu nunca ter reparado na beleza do céu, na beleza
da natureza que, naquele instante, se apresentava diante de mim, ou será que
ela nunca esteve assim antes? Acho que esteve ela sempre foi perfeita, mas só
me fez percebê-la depois de anos, de centenas de experiências, de milhares de
pessoas envolvidas na minha existência, depois de alguns livros e de duas
dezenas de frases reveladoras, só me fez percebê-la depois que a maturidade me
tivesse batido à porta. Num instante, me veio à mente “eu poderia não estar
aqui hoje!” e aos olhos me vieram as lágrimas.
Três anos atrás eu estava em casa, jogando bola com uns
amigos, era só o que eu fazia, não estudava, não lia um livro sequer, só jogava
bola, só. Eu não tinha sentimentos, lembro bem disto, eu era extremamente
contínua, nada me deixava triste, eu havia-me autoprogramado para não
demonstrar nenhum tipo de tristeza, eu só sorria e ria não que essas fossem
falsas ações, mas eu me limitava a elas, pra mim, não existia nenhum outro tipo
de sentimento, ou existia, mas nada me atingia. Então, num dia ensolarado,
minha mãe comunicou-me: “tu fará a prova para entrar no Colégio Tiradentes da
Brigada Militar, sem mais!”.
Neste momento lembrei-me de que estava dentro do ônibus, e
que faríamos uma parada. Todos desceram, eu fiquei. Relembrei minha reação ao
saber da tal prova, eu simplesmente estava decidida a não fazê-la, mas fui
obrigada. Sem estudar, sem nem revisar nada, fui pra sala onde seria realizado
o exame de aprovação para ingressar no CT. Depois de fazer algumas questões,
comecei a olhar pela janela da sala, passavam alguns carros, e eu, pouquíssimo
interessada em permanecer no recinto, comecei a reparar nas placas dos carros e
marcar as letras correspondentes direto no meu caderno de respostas, em menos
de quatro minutos estava tudo feito!
Agora os passageiros retornavam para dentro do ônibus, um
menino de, no máximo, quatro anos, me ofereceu balas do Capitão América, eu
recusei, agradeci, e sorri, sorri durante um bom tempo... Aí, lembrei-me do meu
desespero ao saber que tinha sido aprovada no exame do Colégio, e minhas duas
amigas, que se mataram estudando, não atingiram a média. A vida começou a
mostrar-se injusta. Havia ainda o teste físico, mas pra quem jogou futebol
desde que aprendeu a andar, seria humilhação ser reprovada, não teve jeito, o
que eu mais temia na vida, era inevitável, eu teria que mudar de cidade!
Tá bom, eu vou então. Fui. E tinha a tal “semana de
adaptação” quando eu cheguei, pra aprender a fazer sentido e descansar, por que
é um colégio militar e tudo mais. Eu amava militarismo, desde criancinha, por
isso simpatizei logo de cara com o colégio! E no primeiro dia dessa semana, eu
vi uma menina baixinha, um sorriso lindo, ar de tímida, mas brincalhona com os
amigos, ela tava em pé no canto do auditório onde estávamos ela e mais três
colegas dela. Eu não sabia por que, mas não consegui parar de observá-la por um
só minuto. Na quarta feira, eu já não pensava em outra coisa, era ela e nada
mais. No colégio, no meu quarto, no banheiro, nas ruas, na cozinha, no sofá, em
todos os cantos, era ela a dona da minha mente. E eu nem sabia o nome dela. E o
problema maior não era esse, o problema é que era ELA, não era ele, era ELA. Desde então, comecei a corroer-me por dentro, sem saber o que fazer, algo
estava errado, eu não poderia amar uma menina!
O ônibus freou e eu senti o cinto apertar-me a bexiga, quase
fiz nas calças, resolvi dar uma passadinha do banheiro. Eita lugarzinho
apertado, mas ok deu tudo certo, voltei para a poltrona e a pergunta ressurgiu
“mas por que sempre toca duas vezes?”... Então revivi o momento em que a
primeira menina que possuiu meu coração, se apresentou para a turma. Jéssica é
o nome dela, “Jéssica? Nome de puta!”, eu pensei. Eu só conhecia putas com esse
nome, pra mim, todas as Jéssicas andavam de minissaia e dançavam funk até o
chão. Mas essa Jéssica me fez mudar de conceito. Passei o ano inteiro de olho
nela, sabia de tudo que ela gostava: músicas, livros, roupas, time, cores,
programas, comidas... E ela sabia o meu nome, a minha turma, e me curtia até,
me considerava amiga dela. Por mim tava tudo bem, eu amava ela de um jeito
diferente, nunca pensei em beijá-la, NUNCA, mas eu daria a vida por ela, sem
pensar uma só vez! E nesse ano cheio de novidades, eu fiz muita coisa nova,
como por exemplo, estudar J,
também conheci uma guria incrível, que me mostrou o meu melhor lado, o lado que
eu sou de verdade. Eu saí demais naquele ano também, fiquei com muita gente,
meninos e meninas, aprendi coisas novas e tudo mais, rodei de ano. Morri
chorando quando a Jéssica saiu do colégio.
Começou 2011. Entrei na sala da turma 13 e pensei “caralho,
só mangolão aqui ¬¬”, mas ok fui né. Daí eu vi uma mina altona passando pela
minha classe, cara de marrenta, sentou um pouco atrás de mim. E senti que meu
coração se expandiu no instante em que olhei pra ela, pensei comigo “TO
FODIDA”. Decidi não olhar mais pra ela, eu sabia que ia dar merda, que eu ia me
apaixonar e acabar me ferrando, só que o espelho de classe me colocou do
ladinho dela, que lindo.
Agora bati com a testa na poltrona da frente, voltei do
banheiro e esqueci-me de pôr cinto de segurança, nunca mais esqueço! Com isso
lembrei-me da primeira história que essa mina me contou, ela me disse que, há
um mês, tava passando de carro ali perto do colégio, e alguém jogou uma pedra
na janela do carro, os cacos cortaram a cabeça dela, depois de me mostrar um dos
machucados, a minha extrema preocupação revelou: eu estava perdidamente
apaixonada pela menina com cara de bicho preguiça! Ela fodeu minha vida, isso é
verdade, fez eu me sentir a pior pessoa existente, mas me fez crescer de um
jeito inimaginável, ela nunca me disse um não, e nunca me disse um sim, ela me
torturou por muito tempo, eu fazia tudo por ela, levava em casa quando a gente
jogava até tarde e ela tinha medo de ir sozinha, e pra mim não importava se ela
morava na zona sul e eu na norte, eu levava. Eu emprestava casaco, celular,
dinheiro, paciência, eu tava sempre ali pra tudo, dando apoio, atenção,
conforto, segurança, e dando amor, gastando amor, jogando fora, ou não, seria
meio injusto falar isso, ela deve ter pegado um pouquinho dele, só pra não
parecer a vilã da história, esse era o jogo. Mas a culpa foi minha! Que bela
idealização que eu fiz dela hein, parabéns pra mim, eu transformei a Chiquinha
em princesa da Disney! Daí eu passei de ano, passei achando que quem merecia o
mérito era ela, eu não reparei que, durante todo o ano, eu a ajudei de todo
modo que pude enquanto eu era quem precisava de ajuda.
Mas que merda, por que isso toca duas vezes!? Nas musicas
legais até que tá, mas tem as chatas também, ugh. E começou 2012 na minha memória
daí! Que iniciozinho difícil hein, Aimê que o diga! Essa guria é uma das pessoas
que não quero me afastar jamais, mesmo sabendo que isso é inevitável, quero que
seja apenas fisicamente, é inacreditável tudo que ela fez por mim, tenho
certeza de que nem ela mesma sabe, pelo menos não na intensidade devida.
E se eu te disser que nem lembro exatamente os motivos pelos
quais o inicio desse ano foi o pior período na minha vida? Pois é, o pior! E se
eu te disser também, que o inicio desse ano foi o melhor acontecimento da minha
vida? Pois é, o melhor! Explicarei calma...
Como eu comentei ali, não lembro bem os motivos, mas até
julho mais ou menos, até a viagem da grandona, eu tava a ponto de me matar, triste
né?! Uma pessoa tão nova pensando nisso, mas é aceitável, eu não tinha nem um
pingo da consciência que tenho hoje. Pois bem, eu enfrentava a rejeição da
minha mãe e do meu pai, a rejeição da pessoa que eu amava, e a pior de todas as
rejeições, a própria, eu não me queria por perto, eu não suportava me olhar no
espelho de manhã, não suportava me mover, eu não queria conviver comigo mesma,
e isso, me causou um total desequilíbrio em vários aspectos, tais como,
intelectual, mental, físico, harmônico e espiritual. Não agradando a mim mesma,
eram inúteis as palavras dos amigos, pra mim, ninguém me queria por perto,
sendo assim, um dos maiores problemas diários, era levantar da cama pela manhã,
nem nas manhãs mais frias dos invernos gaúchos, eu senti tanta dificuldade em
erguer meu corpo e deixar as cobertas. Nada me fazia sorrir, a guria
brincalhona e alegre de sempre, havia saído sem data pra voltar, nem um sorriso
sequer apareceu no meu rosto por cinco meses, é imensurável a dor e o
descontentamento contigo mesmo que é necessário para alguém chegar ao ponto de
não querer mais existir, no meu caso, não achei que fosse essa a saída, eu
apenas direcionei minha dor de um modo artificial, extremamente artificial,
conduzi-a para um ponto de mim, onde eu pudesse controlá-la. Explicadas as
cicatrizes no meu braço esquerdo.
“Soledade”, disse o motorista, a ultima parada antes de
chegar a POA, mas ainda têm umas duas horas de viagem. Continuo olhando pela
janela com os olhos rasos d’água de tempo em tempo, mas as lágrimas vinham por
causa do céu mesmo, ou vinham do meu inconsciente, da minha percepção, sei lá,
é mágico o modo como nada é igual, o modo como as coisas mudam em período
linear, tal como as nuvens no céu, um segundo que eu tirasse os olhos delas, e
elas mudavam de forma, de comprimento, de largura, e não voltavam a ser como
antes, jamais. Eu nunca tinha me emocionado assim...
Então era julho de 2012 né?! Tá, ela tava indo viajar, e
dois dias antes eu tinha dito que nunca mais queria falar com ela, já tava
decidida. Orgulhosa que é, ela mandou uma mensagem no facebook, dizia que tudo
bem, ia fazer minha vontade, como eu, tava cansada de tantas brigas, me xingou,
disse que me amava, me deu tchau, disse pra eu não aparecer no aeroporto dali
dois dias porque ela nem ia me olhar na cara. Dois dias depois eu tava lá no
aeroporto, cheguei duas horas antes dela, a vi entrando pela porta principal,
não me contive, comecei a chorar, ela não me viu. Mas depois me acalmei e fui
dar oi, beijei o rosto da mãe dela, querida a tia, pra ela eu só acenei
rapidamente, mesmo nós estando a menos de um metro uma da outra, dei oi pra
amiga dela, amiga minha também, ia viajar com ela pra Disney. Tava tudo
tranquilo, pelo menos ela não me xingou, até olhou pra mim, eu tava no lucro.
Quatro horas depois, só faltavam vinte minutos pra sair o voo, já estavam indo
pro avião, e eu ali, puta aflita, dei as costas pra elas, caralho! Voltei,
“posso te dar um abraço?”, ela me olhou e não disse nada “dá um abraço na
guria, porra, ela tá aqui há mais de seis horas!” disse a Vitória, indignada!
Daí ela me abraçou, disse que eu tinha o tempo da viagem dela pra pensar em nós,
eu tinha 15 dias pra decidir sobre a gente, eu só fiz que sim com a cabeça, ela
pegou a mala e entrou no avião. Chorei por três dias, não pensei em mais nada,
tive pena do meu braço!
Pela primeira vez, ali da janela do ônibus, vi as nuvens do
jeito que sempre as desenhei, estranho, por que sempre desenhei daquele jeito
se nunca as tinha visto assim? Influência externa né, é o meio se envolvendo
diretamente, mas isso é em tudo, e é desde criança, coisa séria isso, e mais
sério é essa musica que toca duas vezes, AAAAAAAHH! Mas e lembrança da minha
redenção tomou conta de mim, foi quando comecei a falar com a Aimê, Aimê Nobrega,
sempre achei esse tome elegante, sempre a achei muito interessante, diferente,
até meio estranha, mas indagadora, me despertou curiosidade desde o meu
primeiro olhar direcionado à ela. Quando começamos a conversar, MEU DEUS, de
onde surgiu esse ser? Muito certo que é de outro planeta, a guria veio com uns
papos noiados, me falava de livros, documentários, revistas, filmes então, era brejo,
e eu, no inicio, só escutava, com cara de “aham, prossiga...” a gente já se
fala um pouco antes da viagem, mas foi nas duas semanas de pausa da guria que
eu considerava tudo, que a Aimê ligou a luz da minha mente. Convidou-me pra
estudar, ok, a única coisa que não fizemos foi isso. Sentadas no encosto de um
banco de praça, falamos sobre aliens, estrelas cadentes, medicamentos
manipulados pelos maiorais, hierarquias mundiais, ilusão em massa e lá vai
pedrada. Ela fumou uma maconha com uns caras que conhecemos ali mesmo, eu só
olhei. Fomos pra casa de um deles, “o que eu to fazendo aqui, puta merda!” eu
pensava, mas os caras eram gente fina, assistimos a um filme lá, tinha um
trovando ela, e outro me trovando, fiquei com esse ultimo, mas não por cair no
papinho dele, fiquei por mim, eu ainda tava com certas dúvidas. Valeu a pena,
foi o ultimo homem com quem partilhei saliva, eu gosto de meninas mesmo. Esse
devia ser o quinto dia de viagem da dita cuja, e eu ainda não tinha parado pra
pensar sobre a gente, mas azar, eu tava aproveitando, tava lendo coisas novas,
assistindo coisas novas, eu tinha acabado de ser apresentada à um mundo novo,
me deixa desfrutar, ou ficar louca, tudo começou aqui. Desde então não parei
mais, eu parecia um funil de informações. Do nada, no meio do grupo de amigos,
eu largava umas perguntas sobre coisas nada a ver pra eles, mas que pra mim
eram fascinantes, tipo “por que, às vezes, a lua aparece enquanto o sol ainda
não foi embora??” eles já nem me aguentavam mais, mas se sentiam felizes, meu
braço cicatrizado era o suficiente pra eles. Pela primeira vez, comecei a notar
o amor que me rodeava. Daí né, ela voltou, acho que não foi muito bom pra ela
depois de me conhecer de novo. Ela chegou dos Estados Unidos cheia de fotos e
lembrancinhas pros amigos, até pra mim ela trouxe, awn querida, mas me viu por
fora, pensando que ainda sabia quem eu era, que choque hen! Pow, um tapa na
cara quando eu abri a boca e dei um banho nela, e foi sem querer, eu ainda tava
no brilho das minhas infinitas descobertas, comecei a falar e não parei, nem
reparei que ela tava ficando meio triste em meio a tantas coisas materiais que
ela tinha adquirido, e eu , que quase não sai de casa, com tanta coisa que
jamais vão me tirar, e nem com toda a minha falta de atenção, perderei um dia, mas
que cousa.
E já devia ser a vigésima musica que tocava pela segunda
vez, nesse ponto das minhas lembranças eu pensei melhor, “já sei por que elas
tocam duas vezes!!”. Antes da Aimê, antes das coisas que eu comecei a ver e
perceber, antes de tudo, eu reli um livro que, há quatro anos, eu havia lido,
naquela época ele foi legalzinho até, mas em julho de 2012, ele salvou minha
vida... Por que as coisas mudam! Eu vou entender coisas que, da primeira vez
que ouvi, eu não tinha percebido, vou interpretar de um modo mais completo, ou
talvez, de um modo extremamente diferente, mas que também tem plena coerência.
É bom rever as coisas, uma primeira olhada nunca é o suficiente, a gente pode
se enganar...
Mas daí, vou explicar que raio eu to fazendo dentro de um
ônibus há quase sete horas né! Então, nesse incrível ano de 2012, o qual só foi
incrível por que determinados carros passaram na janela da minha sala dois anos
atrás, teve a quarta edição (se não me engano) das olimpíadas Tiradentes, e eu,
esportista que sou, fui lá pra Santa Maria dar uma jogada. E lá, eu revi uma
guria do CT de Santo Ângelo (ênfase no Revi), muito demais ela, inclusive, eu
revi por que a gente já tinha se conhecido no ano anterior, em Passo Fundo,
isso por que eu peguei um ônibus de linha que estragou e me fez chegar uma hora
e meia, atrasada, além do atraso normal que eu já tinha adquirido quando perdi
o ônibus do colégio em POA. Tá, daí nos vimos de novo e pá, e eu já curtia ela
há um ano, ela conseguiu me chamar a atenção em um momento que eu só tinha
olhos pra umazinha. Mas eu pensei que, enquanto eu lembrava cada palavra que a
gente tinha conversado, ela não sabia nem mais meu nome, mas me enganei, era a
única coisa que ela se lembrava de mim, ah tá bom, pelo menos o nome, conversamos
um pouco lá, ela já começou a me corromper me fazendo tomar refrigerante, “só
por ti mesmo”, eu pensava...
Eu ficava cuidando ela por lá, a vi correr, vi de grude com
uma amiga lá, não gostei muito -.- vi ela jogando futebol, mas isso eu lembrava
do ano passado, joga muito essa menina, daí vi ela se quebrando, quase chorei
com ela, fiquei tristonha, mas quando elas ganharam o ouro eu fui lá pular com
elas, mesmo com os pés ferrados, azar... Deu as olimpíadas, voltei pra POA,
adicionei ela no face, e que merda, descobri que tinha namorada, daí liguei um ~foda-se
a vida~ e contei que gostava dela. Sei
lá, ela ficou surpresa e nem sabia direito o que falar, só sei que umas duas
semanas depois ela tinha acabado com a tal namorada e mais umas duas depois, eu
tinha pedido pra namorar com ela, e ela aceitado mas o tri é que antes disso, a
gente já tinha pedido uma à outra em casamento, mas ok. Ela resolveu me chamar
pra formatura dela um dia, eu queria demais ir lá pra ver ela e poder fazê-la
acreditar no meu amor, por que eu tinha quase certeza de que ela achava que eu
tava de zoa, e eu sabia que, por mais que ela acreditasse no amor que eu
sentia, ela não me amava nem 1/3 do que eu amava ela, e eu queria mudar isso.
Mas eu não tinha a mínima noção de como ir pra lá. Eu e a Aimê íamos nos vestir
de palhaças e ir para o semáforo pedir dinheiro, era essa a saída.
E enquanto eu me encantava ainda mais com as coisas que essa
coloninha me dizia, com as coisas que ela postava no tumblr dela, com as fotos
dela no face, o tempo passava e eu ficava mais perdidamente apaixonada por ela
e o meu coração era esmagado cada vez mais pela incerteza de tudo isso. Mas,
num dia por aí, eu ganhei uns convites pra inauguração da arena, meu, vendi! Ganhei
o dinheiro de uma passagem e mais um pouco, daí enganei mãe, pai, irmã, tia,
dinda, menti até não poder mais e me mandei pra Santo Ângelo, fui né, toda
cagada, mas fui. A guria ficava dizendo que sou inteligente e nhé nhé, capaz de
eu chegar lá e ela me mandar dar meia volta, vá que.
Mas daí eu cheguei à rodoviária e vi uma formiga com as mãos
nos bolsos, com os ombros levantados e a cabeça entre eles, camiseta do colégio
e bermuda curtinha, não sei como não morri, fui lá dar um abraço, tive uma leve
impressão de que ela ia me dar um beijo e eu desviei, mas pode ter sido só
impressão. Daí eu já cheguei sendo cavala com a porta do taxi, foi sem querer
k. Eu tava morrendo de vergonha, puta merda, ainda bem que a Li tava junto. Mas
depois que estávamos sozinhas eu não sabia o que fazer, foi ela que disse “vem
aqui” e me beijou primeiro, foi só o primeiro de vários momentos, com ela, que
fizeram meu ano ainda mais surpreendente e histórico na minha vida... Eu já não
tava mais com tanta vergonha. Lá na Laura, até fui meio safada durante o
Jackass. Mas foi observando ela durante o dia, a vendo fazer as coisas, que
percebi o quão sortuda eu sou, o quão delicado é o andar das nossas vidas, vi a
importância de cada coisa minúscula estar em seu devido lugar, ela é o ser mais
fantástico que já conheci, impossível não sorrir na companhia dela, é
contagiante. Ela me fez ver que as coisas velem a pena, partilhou muitas ideias
comigo, me mostrou outros pontos de vista sobre alguns assuntos e nem se
importou por que eu não sei abrir um sutiã. Levamos um cagaço na sala que
deuzulivre, mas nas noites calmas, onde o silencio era obrigatório pra não
acordar a mana que dormia logo ali, a minha vontade era de não desgrudar meu
corpo do dela, tampouco minha boca dos pequenos lábios dela... Eu descobri
também que, de gata borralheira, que cozinha, passa, varre e limpa os pelos da
gata, a minha pequena se transforma em Cinderela, era a mais esplendorosa da
tão esperada festa de formatura, eu simplesmente não conseguia tirar os olhos
daquela obra de arte. Era a natureza mostrando-se perfeita mais uma vez.
Mas tenho que confessar, na noite da festa, me deu uma dor
súbita, foi um vazio imenso no peito, eu senti como se tivesse perdido ela...
Foi depois de saber que a Liara tava em dúvida sobre ser gay e tal, eu não
consegui evitar, fiquei mal mesmo, daí saí de perto pra não perceberem, foi a
única vez que gostei da menina-homem ter vindo tirar meu amor pra dançar, daí
pude sair sem dar explicações... Mas me acalmei e depois voltamos pra dançar.
Essa é uma parte ainda fraca em mim, não me acho boa o
suficiente, nunca, sempre acho que pode aparecer qualquer um e levar as coisas
das quais eu dependo e, nesse caso, não era qualquer um.
Mas deixei isso de lado, até comentei uma ou duas vezes com
ela, mas tentei não dar muita atenção. Aproveitamos os dias restantes e o tempo
passava rápido demais, esse filho da puta. Quando vi, já tava arrumando minha
mala pra voltar, e ela me deu um coração de pelúcia, me arrependi de não ter
deixado minha camiseta verde com ela. Indo pra rodoviária, tudo passava pela minha cabeça confusa, as pessoas
incríveis que conheci, os lugares que fomos, o tanto que caminhamos, os beijos
na janela, do café que ela me ensinou como faz de verdade, o picolé de morango
que era melhor que o de uva, as piadas do padrasto dela, o tererê e a carne,
as brincadeiras que a gente tinha a qualquer momento e o cheiro dela na minha
camisa. Enquanto isso, eu pegava na mão dela, eu não queria soltar nunca
mais... Chegamos na rodoviária, o coração foi apertando ainda mais, quando ela
disse que tinha que ir, que não queria deixar
a madrasta sozinha, eu quis dar um ultimo beijo, mas não sei, tava
difícil até de respirar, ela me abraçou por um tempo e saiu. Eu entrei no
ônibus e chorei... Depois chorei pelas nuvens, chorei pela perfeição do
equilíbrio das nossas vidas que, como as musicas daquela rádio, tem que ser
reanalisadas pra não ter seu conteúdo posto fora, que, como o livro, tem que
ser revista pra não ser desperdiçada, porque, afinal, a vida é como as nuvens
que se fizeram presente nesta minha viagem, basta um piscar de olhos, e ela
muda de direção, de sentido e de propósito, e jamais volta a sua forma
original, jamais.
~Requiem
~Requiem
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